SURTO DE TOXOPLASMOSE EM UM SEMINÁRIO DE BRAGANÇA
PAULISTA
Nove casos de toxoplasmose adquirida comprovada (forma linfo glandular),ocorridos em um Seminário de Bragança Paulista, motivaram uma investigação clínica e sorológica. De acordo com os dados assim obtidos, pelo menos 30 pessoas (em um total de 81) apresentavam toxoplasmose na ocasião. Ao todo, foram realizadas 314 reações de Sabin-feldman e de imunofluorescência indireta.
O inquérito sorológico pela prova do corante estendeu-se também a algumas espécies animais da localidade. Em vista das limitações relativas à investigação epidemiológica, foi possível apenas a colocação de várias hipóteses, nada se podendo concluir quanto aos aspectos epidemiológicos do surto. Registrando, pela primeira vez, na literatura médica esta ocorrência, os autores alertam para a possibilidade destes surtos em instituições fechadas ou zona rural. Insistem na necessidade de pesquisas mais profundas, em situações similares, para o reconhecimento das fontes de infecção e mecanismos de transmissão, a despeito das dificuldades decorrentes dos escassos conhecimentos sobre a história natural da toxoplasmose e do ciclo biológico do parasita.
Em novembro de 1965, por solicitação do Dr. José Themistocles de Aguiar Tartari, foram internados na Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 9 jovens seminaristas, procedentes da cidade de Bragança Paulista, a fim de que, com maiores recursos, fosse investigada a natureza da doença infecciosa que então apresentavam. Confirmada a toxoplasmose como etiologia do processo, iniciou-se uma investigação epidemiológica que se prolongou desde novembro de 1965 até agosto de 1966, no local de procedência dos pacientes. De acordo com os dados obtidos, pelo menos 30 pessoas em um total de 81 indivíduos, em toda a área estudada, foram acometidas pela toxoplasmose quase sempre na forma linfo glandular, caracterizando-se, assim, um surto epidêmico que atingiu aquela comunidade, na qual até então nenhum caso similar fora assinalado.
MATERIAL E MÉTODOS
Seminaristas internados — Nove seminaristas, de cor branca, cuja idade variava de 12 a 22 anos (1 com 22 anos e 8 com 12 a 16 anos) e que residiam no Seminário Santo Agostinho, desde 9 meses até há 5 anos em relação ao início do surto, adoeceram mais ou menos subitamente, entre os dias 18 a 22 de outubro de 1965. O quadro clínico manifestado por todos consistiu em: febre, cefaléia, tonturas, astenia, dores musculares, linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia moderada.
Em 5 casos foi referida diarreia aquosa, nos primeiros dias. Na fase aguda da infecção permaneceram hospitalizados em Bragança Paulista, durante 12 dias, tendo sido tratados com cloranfenicol. Em 4 pacientes foi também empregada a prednisona. Ao serem internados na Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas, com cerca de 20 dias de doença, já estavam quase sem sintomas, mas apresentando, ao exame físico, infartamento ganglionar difuso, fígado e baço palpáveis e a maioria dos casos com elevação de temperatura, ainda que moderada e irregular.
A análise das curvas térmicas de toda a evolução evidenciou que a febre, desde o início da infecção, foi diária quase sempre do tipo remitente, às vezes intermitente, com elevação vespertina, durante um período de tempo que variou de 6 a 32 dias. Para 3 casos o período de febre diária de 37°, 7C a 39°, 5C teve duração de 26, 31 e 32 dias. E para os outros 6 casos, a febre de 37°, 5C a 39°, 8C durou de 6 a 10 dias. Após o período de febre diária, excluindo-se um paciente, os 8 restantes passaram a apresentar picos febris irregulares de 37°, 2C a 37°, 8C, durante 15 a 55 dias, com intervalos de apirexia. 0 período de observação na enfermaria da Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas foi de 45 dias para 3 casos e de 40 dias para os outros 6 casos. A Tabela 1 expõe os sintomas e sinais apresentados pelos 9 pacientes.
Caracterização da área estudada — O Seminário Santo Agostinho situa-se no bairro Bom Retiro, no distrito sede do Município de Bragança Paulista (Fig. 1), ocupando uma área de 90 alqueires.(1) A sede do Município está localizada a 22°58' de latitude sul e 46°32' de longitude, distando, em linha reta, 88 km da Capital de São Paulo. A altitude é de 850 m; o clima é quente e o inverno é menos seco. A média da temperatura máxima é de 22°C e a da mínima é de 16°C, com média compensada de 19,4°C. A altura total das precipitações pluviais ao ano é de 1.368mm.
O Seminário localiza-se à entrada da sede do Município, em região com elevações e declives; há terras cultivadas com cana, café, hortaliças, pastos (capim gordura, soja perene, colonião), matas, eucaliptais, coleções de água e áreas construídas. (Fig. 2).
População do Seminário — Na época do surto e do inquérito, viviam no Seminário 5 padres, os outros 3 incluídos no estudo moravam no Colégio São Luís, mas estavam ligados ao Seminário em suas tarefas. Com exceção de um irmão leigo, todos eram de nacionalidade espanhola. Os seminaristas eram ao todo 37, procedentes do Município de Bragança Paulista ou regiões adjacentes, de outras cidade do interior do Estado de São Paulo ou de outros Estados (Goiás, Minas Gerais, Guanabara e Mato Grosso). Dos 28 seminaristas incluídos no inquérito, 13 ingressaram em 1965, sendo de 4 meses o tempo de permanência mais curto no Seminário. Quinze (15) cursavam aquele estabelecimento há mais de 1 ano. Dos 8 padres, apenas 2 estavam no Seminário há 6 e 8 meses. Os demais viviam no local há mais de 2 anos. Além de interrogatório e exame físico, foi efetuada em jejum colheita de sangue para provas sorológicas específicas de 28 seminaristas e 8 padres, um mês após o início do surto de toxoplasmose. A idade média dos alunos foi calculada em 14,5 e a dos padres em 38,7 anos. Todos os examinados, com exceção de um, eram de cor branca. Executando-se o aluno 16A e o padre 7A, 8 indivíduos que apresentavam reações sorológicas positivas a 1:1024 forneceram uma segunda amostra de sangue para repetição das provas, cerca de 3 meses após a primeira colheita. O aluno 20A, embora tivesse reações negativas, repetiu as provas em 14-3-66, porque nessa data se apresentava febril e com esplenomegalia; o diagnóstico feito foi de recaída de malária por P. vivax. Foram também repetidas as reações em 3 alunos cujas provas sorológicas iniciais eram positivas em título 1:4000.
Serviam como funcionários sem residir na instituição 3 pessoas: 1 homem e 2 mulheres. Na fazenda do Seminário residiam 41 pessoas, sendo 25 adultos e 16 crianças menores de 12 anos. Estes moradores constituíam 7 famílias ou agregados, assim distribuídos: família S com 10 membros, família C com 9, família P com 7, família T com 6, família OP com 5 e duas famílias L e M com 2 membros. Total de indivíduos em toda área: 86. Trinta e seis (36) pessoas ligadas à fazenda do Seminário foram também fichadas, examinadas e forneceram amostras de sangue, em jejum, para as provas sorológicas. Neste grupo, 13 eram menores de 12 anos.
Na primeira colheita, realizada cerca de 1 mês após a eclosão do surto, compareceram 29 pessoas; das 7 restantes conseguimos colher material, apenas 4 meses depois. As reações foram repetidas em 10 indivíduos tanto com títulos iniciais de 1:1024 como de 1:4000 ou mais; não pudemos realizar uma segunda colheita em 2 casos (25B e 31B), cujas reações primeiras foram, respectivamente, de 1:1024 e 1:4000, em 17-2-66.
Condições de vida 1 — PADRES E SEMINARISTAS — Habitação — O edifício do Seminário Santo Agostinho é de construção recente e dotado de energia elétrica, água encanada e telefone. As instalações sanitárias consistem em 18 aparelhos (8 anexos ao dormitório) e 13 chuveiros (8 anexos ao dormitório), para uso dos alunos e padres (Fig. 3). Os seminaristas ocupam um único dormitório, onde há 40 camas, 8 janelas e 1 porta (Fig. 4). A sala de refeições é dotada de 4 mesas para 40 lugares. Há ainda 5 salas de aula, onde se distribue um número não superior a 40 estudantes e a capela.
PAULISTA
Nove casos de toxoplasmose adquirida comprovada (forma linfo glandular),ocorridos em um Seminário de Bragança Paulista, motivaram uma investigação clínica e sorológica. De acordo com os dados assim obtidos, pelo menos 30 pessoas (em um total de 81) apresentavam toxoplasmose na ocasião. Ao todo, foram realizadas 314 reações de Sabin-feldman e de imunofluorescência indireta.
O inquérito sorológico pela prova do corante estendeu-se também a algumas espécies animais da localidade. Em vista das limitações relativas à investigação epidemiológica, foi possível apenas a colocação de várias hipóteses, nada se podendo concluir quanto aos aspectos epidemiológicos do surto. Registrando, pela primeira vez, na literatura médica esta ocorrência, os autores alertam para a possibilidade destes surtos em instituições fechadas ou zona rural. Insistem na necessidade de pesquisas mais profundas, em situações similares, para o reconhecimento das fontes de infecção e mecanismos de transmissão, a despeito das dificuldades decorrentes dos escassos conhecimentos sobre a história natural da toxoplasmose e do ciclo biológico do parasita.
Em novembro de 1965, por solicitação do Dr. José Themistocles de Aguiar Tartari, foram internados na Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 9 jovens seminaristas, procedentes da cidade de Bragança Paulista, a fim de que, com maiores recursos, fosse investigada a natureza da doença infecciosa que então apresentavam. Confirmada a toxoplasmose como etiologia do processo, iniciou-se uma investigação epidemiológica que se prolongou desde novembro de 1965 até agosto de 1966, no local de procedência dos pacientes. De acordo com os dados obtidos, pelo menos 30 pessoas em um total de 81 indivíduos, em toda a área estudada, foram acometidas pela toxoplasmose quase sempre na forma linfo glandular, caracterizando-se, assim, um surto epidêmico que atingiu aquela comunidade, na qual até então nenhum caso similar fora assinalado.
MATERIAL E MÉTODOS
Seminaristas internados — Nove seminaristas, de cor branca, cuja idade variava de 12 a 22 anos (1 com 22 anos e 8 com 12 a 16 anos) e que residiam no Seminário Santo Agostinho, desde 9 meses até há 5 anos em relação ao início do surto, adoeceram mais ou menos subitamente, entre os dias 18 a 22 de outubro de 1965. O quadro clínico manifestado por todos consistiu em: febre, cefaléia, tonturas, astenia, dores musculares, linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia moderada.
Em 5 casos foi referida diarreia aquosa, nos primeiros dias. Na fase aguda da infecção permaneceram hospitalizados em Bragança Paulista, durante 12 dias, tendo sido tratados com cloranfenicol. Em 4 pacientes foi também empregada a prednisona. Ao serem internados na Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas, com cerca de 20 dias de doença, já estavam quase sem sintomas, mas apresentando, ao exame físico, infartamento ganglionar difuso, fígado e baço palpáveis e a maioria dos casos com elevação de temperatura, ainda que moderada e irregular.
A análise das curvas térmicas de toda a evolução evidenciou que a febre, desde o início da infecção, foi diária quase sempre do tipo remitente, às vezes intermitente, com elevação vespertina, durante um período de tempo que variou de 6 a 32 dias. Para 3 casos o período de febre diária de 37°, 7C a 39°, 5C teve duração de 26, 31 e 32 dias. E para os outros 6 casos, a febre de 37°, 5C a 39°, 8C durou de 6 a 10 dias. Após o período de febre diária, excluindo-se um paciente, os 8 restantes passaram a apresentar picos febris irregulares de 37°, 2C a 37°, 8C, durante 15 a 55 dias, com intervalos de apirexia. 0 período de observação na enfermaria da Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas foi de 45 dias para 3 casos e de 40 dias para os outros 6 casos. A Tabela 1 expõe os sintomas e sinais apresentados pelos 9 pacientes.
Caracterização da área estudada — O Seminário Santo Agostinho situa-se no bairro Bom Retiro, no distrito sede do Município de Bragança Paulista (Fig. 1), ocupando uma área de 90 alqueires.(1) A sede do Município está localizada a 22°58' de latitude sul e 46°32' de longitude, distando, em linha reta, 88 km da Capital de São Paulo. A altitude é de 850 m; o clima é quente e o inverno é menos seco. A média da temperatura máxima é de 22°C e a da mínima é de 16°C, com média compensada de 19,4°C. A altura total das precipitações pluviais ao ano é de 1.368mm.
O Seminário localiza-se à entrada da sede do Município, em região com elevações e declives; há terras cultivadas com cana, café, hortaliças, pastos (capim gordura, soja perene, colonião), matas, eucaliptais, coleções de água e áreas construídas. (Fig. 2).
População do Seminário — Na época do surto e do inquérito, viviam no Seminário 5 padres, os outros 3 incluídos no estudo moravam no Colégio São Luís, mas estavam ligados ao Seminário em suas tarefas. Com exceção de um irmão leigo, todos eram de nacionalidade espanhola. Os seminaristas eram ao todo 37, procedentes do Município de Bragança Paulista ou regiões adjacentes, de outras cidade do interior do Estado de São Paulo ou de outros Estados (Goiás, Minas Gerais, Guanabara e Mato Grosso). Dos 28 seminaristas incluídos no inquérito, 13 ingressaram em 1965, sendo de 4 meses o tempo de permanência mais curto no Seminário. Quinze (15) cursavam aquele estabelecimento há mais de 1 ano. Dos 8 padres, apenas 2 estavam no Seminário há 6 e 8 meses. Os demais viviam no local há mais de 2 anos. Além de interrogatório e exame físico, foi efetuada em jejum colheita de sangue para provas sorológicas específicas de 28 seminaristas e 8 padres, um mês após o início do surto de toxoplasmose. A idade média dos alunos foi calculada em 14,5 e a dos padres em 38,7 anos. Todos os examinados, com exceção de um, eram de cor branca. Executando-se o aluno 16A e o padre 7A, 8 indivíduos que apresentavam reações sorológicas positivas a 1:1024 forneceram uma segunda amostra de sangue para repetição das provas, cerca de 3 meses após a primeira colheita. O aluno 20A, embora tivesse reações negativas, repetiu as provas em 14-3-66, porque nessa data se apresentava febril e com esplenomegalia; o diagnóstico feito foi de recaída de malária por P. vivax. Foram também repetidas as reações em 3 alunos cujas provas sorológicas iniciais eram positivas em título 1:4000.
Serviam como funcionários sem residir na instituição 3 pessoas: 1 homem e 2 mulheres. Na fazenda do Seminário residiam 41 pessoas, sendo 25 adultos e 16 crianças menores de 12 anos. Estes moradores constituíam 7 famílias ou agregados, assim distribuídos: família S com 10 membros, família C com 9, família P com 7, família T com 6, família OP com 5 e duas famílias L e M com 2 membros. Total de indivíduos em toda área: 86. Trinta e seis (36) pessoas ligadas à fazenda do Seminário foram também fichadas, examinadas e forneceram amostras de sangue, em jejum, para as provas sorológicas. Neste grupo, 13 eram menores de 12 anos.
Na primeira colheita, realizada cerca de 1 mês após a eclosão do surto, compareceram 29 pessoas; das 7 restantes conseguimos colher material, apenas 4 meses depois. As reações foram repetidas em 10 indivíduos tanto com títulos iniciais de 1:1024 como de 1:4000 ou mais; não pudemos realizar uma segunda colheita em 2 casos (25B e 31B), cujas reações primeiras foram, respectivamente, de 1:1024 e 1:4000, em 17-2-66.
Condições de vida 1 — PADRES E SEMINARISTAS — Habitação — O edifício do Seminário Santo Agostinho é de construção recente e dotado de energia elétrica, água encanada e telefone. As instalações sanitárias consistem em 18 aparelhos (8 anexos ao dormitório) e 13 chuveiros (8 anexos ao dormitório), para uso dos alunos e padres (Fig. 3). Os seminaristas ocupam um único dormitório, onde há 40 camas, 8 janelas e 1 porta (Fig. 4). A sala de refeições é dotada de 4 mesas para 40 lugares. Há ainda 5 salas de aula, onde se distribue um número não superior a 40 estudantes e a capela.
Alimentação — Os produtos como hortaliças e legumes provêm da horta local;
o leite de vaca, ordenhado de modo rudimentar, é consumido pelos padres, enquanto os alunos recebem leite em pó.
A carne de vaca vem, quase sempre, do matadouro da fazenda onde não há instalações
e condições de higiene adequadas; a carne
de carneiro, por outro lado, é de pouco consumo atualmente, tendo sido fornecida com
maior regularidade em anos anteriores ao
surto. Raramente se consome carne de
porco. Os sub-produtos da carne são adquiridos na cidade de Bragança, assim
como peixes de mar, que são servidos uma
vez por semana.
Peixes de água doce,
inclusive pescados na lagoa da fazenda,
são comidos esporadicamente. Os ovos
provêm da fazenda e de granjas do Município e são servidos fritos e cozidos, não
havendo indicação de seu consumo em
estado natural.
A carne é apresentada
assada, frita ou cozida e a informação de
que os alunos não costumam comer carne
crua ou mal passada foi quase unânime.
Vez por outra era servido caldo de cana;
alguns dias antes da eclosão da doença,
os alunos foram tomar caldo de cana em
casa de uma família da colônia, em cujo
canavial localizado nos fundos da casa, alguns membros dessa família costumam
fazer suas necessidade fisiológicas.
Água — A água de abastecimento do
Seminário é tratada (clorada), vem da
cidade, fica depositada em caixa nova adequada e serve às dependências da cozinha, copa e banheiros. A água do lago e da piscina, entre os quais há intercomunicação, não é potável. Além da
água de abastecimento citada, há cerca
de 10 bicas ou nascentes, quase todas com
água poluída e segundo as informações
de um padre, era costume servirem-se os
alunos e moradores da colonia da água
de uma das bicas perto do estábulo, onde
as vacas e ovelhas também bebem (Fig.
5).
COLONOS DA FAZENDA — Habitação — As 7 famílias que residiam na
área do Seminário viviam em casas de alvenaria, com cobertura de telhas, sem
forro, em geral com 2 cômodos, com piso de terra batida ou cimento, sem água
encanada e a maioria sem instalação elétrica. Excluindo-se a família do administrador de origem espanhola, que aí
vive desde fevereiro de 1965, as demais
famílias moravam na fazenda há mais de
3 anos e são originárias do interior do
Estado de São Paulo.
Suínos — Eram em número de 21,
criados em pocilgas fechadas e sem água
corrente. Não se apresentavam doentes.
(Fig. 6A).
Ovinos — O rebanho de ovelhas e carneiros constava de cerca de 70 cabeças.
Ultimamente, perderam-se numerosas ovelhas, com fraqueza intensa, diarréia e sem
capacidade de reprodução. Em 10-2-66,
foi encaminhado 1 carneiro para o Instituto Biológico de São Paulo, para exame. Posteriormente, foi autopsiado outro
exemplar, verificando-se apenas verminose maciça. Com o tratamento anti-helmíntico instituído, o rebanho começou a
ser recuperado. (Fig. 6B)
— A toxoplasmose (forma linfo glandular) foi diagnosticada, através de reação de Sabin-Feldman e de imunofluorescência indireto e de isolamento do T. gondii de gânglios linfáticos.
— O estudo da evolução sorológica em
9 alunos desde o 33.o
até o 140.o
dia de
doença, evidenciou em alguns casos, flutuações de títulos positivos no período e,
em 2 casos, aparecimento tardio de anticorpos em diluições elevadas, compatíveis
com doença em atividade.
— Os dados obtidos no estudo sorológico em 21 alunos novos, não concorreram
para esclarecimento de hipóteses relativas
à epidemiologia.
— Os dados e informações obtidos na
investigação epidemiológica permitiram
apenas aventar diversas hipóteses sobre
a transmissão, admitindo-se a possibilidade de mais de um mecanismo em jogo.
— A ocorrência de surto de toxoplasmose é pela primeira vez relatada, na literatura médica. Em vista da problemática que envolve ainda a epidemiologia
desta protozoose, em situações análogas
torna-se absoluta a necessidade de investigações mais amplas e profundas, em torno da fontes de infecção e das vias de
transmissão.
Texto completo: http://bit.ly/2WV4Tfw
Fonte: www.revistas.usp.br
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